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Erosão - Bases conceituais

Atualizado: 30 de ago. de 2019


Erosão - Bases conceituais
Erosão - Bases conceituais

A erosão acelerada é, sem dúvida, a principal causa do declínio da sustentabilidade dos solos agricultáveis. As perdas de solos por ano, devido a erosão, são da ordem de 50 Mg ha-¹ (t ha-¹) em sistemas de plantio convencional. Mesmo em áreas com sistemas de plantio direto as perdas de solo podem chegar a 10 Mg ha-¹ano-¹, e em áreas de cultivo mínimo as perdas de solo são da ordem de 20 Mg ha-¹ano-¹. Considerando-se a cultura do milho com uma produtividade de 6 Mg ha-¹, num sistema de plantio direto podemos ter uma perda de solo de 1,6 kg para cada 1 kg de milho produzido. Em um sistema de plantio convencional, essa relação pode chegar a 8,3 kg de solo erodido para cada kg de milho produzido.

A erosão pode ser de cinco tipos:

  • Erosão Hídrica - É provocada pela retirada de material da parte superficial do solo pelas águas de chuva. Esta ação é acelerada quando a água encontra o solo desprotegido de vegetação. A primeira ação da chuva se dá através do impacto das gotas d'água sobre o solo. Este é capaz de provocar a desagregação dos torrões e agregados do solo, lançando o material mais fino para cima e para longe, fenômeno conhecido como salpicamento. A força do impacto também força o material mais fino para abaixo da superfície, o que provoca a obstrução da porosidade (selagem) do solo, aumentando o fluxo superficial e a erosão.

  • Erosão Eólica - Ocorre quando o vento transporta partículas diminutas que se chocam contra rochas e se dividem em mais partículas que se chocam contra outras rochas. Podem ser vistas nos desertos na forma de dunas e de montanhas retangulares ou também em zonas relativamente secas.

  • Erosão Química - Envolve todos os processos químicos que ocorrem nas rochas. Há intervenção de fatores como calor, frio, compostos biológicos e reações químicas da água nas rochas. Este tipo de erosão depende do clima. Ex: em climas polares e secos, as rochas se destroem pela troca de temperatura; e em climas tropicais quentes e temperados, a umidade, a água e os dejetos orgânicos reagem com as rochas e as destroem.

  • Erosão Glacial - As geleiras (glaciares) deslocam-se lentamente, no sentido descendente, provocando erosão e sedimentação glacial. Ao longo dos anos, o gelo pode desaparecer das geleiras, deixando um vale em forma de U ou um fiorde, se junto ao mar. Pode também ocorrer devido à suscetibilidade das glaciações em locais com predominância de rochas porosas. No verão, a água acumula-se nas cavidades dessas rochas. No inverno, essa água congela e sofre dilatação, pressionando as paredes dos poros. Terminado o inverno, o gelo funde,e congela novamente no inverno seguinte. Esse processo ocorrendo sucessivamente, desagregará, aos poucos, a rocha, após um certo tempo, causando o desmoronamento de parte da rocha, e conseqüentemente, levando à formação dos grandes paredões ou fiordes.

  • Erosão Marinha - A erosão marinha atua sobre o litoral modelando-o e deve-se fundamentalmente à ação de três fatores: ondas, correntes e marés. Tanto ocorre nas costas rochosas bem como nas praias arenosas. Nas primeiras a ação erosiva do mar forma as falésias, nas segundas ocorre o recuo da praia, onde o sedimento removido pelas ondas é transportado lateralmente pelas correntes de deriva litoral.

Destes 5 tipos de erosão, a erosão hídrica é a mais importante em relação ao manejo de solos, pois começa exatamente com o inicio de uma chuva, e seus efeitos são percebidos em um curto período de tempo. Por este motivo, a erosão hídrica será o foco do nosso estudo.

Para que os valores de perdas de solos sejam mantidos em níveis satisfatórios, garantindo assim a sustentabilidade dos solos agricultáveis, é necessário o conhecimento dos fatores responsáveis pela erosão e como eles condicionam este processo.

São cinco os fatores responsáveis pela erosão:


Fatores responsáveis pela erosão.
Fatores responsáveis pela erosão.

A erosividade das chuvas é um dos principais fatores condicionantes do processo de erosão hídrica. Por erosividade entende-se a capacidade das chuvas em provocar erosão. A erosividade é dependente da energia cinética da precipitação, que é definida pela sua intensidade, pelo tamanho das gotas e pela velocidade terminal das mesmas no momento de impacto na superfície do solo.

A erosividade atua na primeira fase do processo de erosão, que é a mais importante. No momento do impacto a energia cinética das gotas de chuva anula as forças que mantinham as unidades estruturais do solo estáveis, desagregando-as.

O fato de diferentes solos perderem quantidades diferentes de terra, mantendo-se constantes os demais fatores condicionantes da erosão hídrica, indica a necessidade de manejo diferenciado a cada um deles.

Este comportamento diferenciado é uma característica específica de cada solo e depende de suas características físicas, químicas e biológicas. Estas diferenças configuram, conceitualmente, a erodibilidade do solo. A erodibilidade representa, quantitativamente, o grau de resistência ou de suscetibilidade do solo frente ao processo de erosão hídrica acelerada.

Portanto, em regiões onde o uso da terra é intensivo faz-se necessário o conhecimento da erodibilidade para o planejamento do manejo conservacionista a ser adotado visando diminuir os efeitos da erosão hídrica.

A topografia das áreas agricultáveis desempenha papel importante no condicionamento das perdas de solo. Um aspecto sempre lembrado é o da declividade do terreno. Ela está diretamente ligada ao escorrimento superficial e a capacidade de transporte de sedimentos pela enxurrada. O comprimento das rampas também é relevante no que se refere ao volume de material transportado e também a sua influência na velocidade do escorrimento superficial.

A diversidade de coberturas vegetais disponível para as atividades agrícolas reflete a ampla gama de opções disponíveis para o técnico no controle do processo de erosão.

O grau de cobertura oferecido, a massa vegetal produzida, a espécie botânica, os diferentes sistemas radiculares, a arquitetura foliar, a época de plantio, a adaptabilidade aos diferentes climas e solos, a rusticidade, a precocidade e o manejo são características a serem analisadas no momento da escolha das espécies a serem utilizadas nos diferentes planejamentos conservacionistas.

As diferentes práticas existentes, vegetativas ou mecânicas, são passíveis de utilização dentro do planejamento conservacionista. A oportunidade de utilização de cada uma delas dependerá das condições técnicas de recomendação, da capacidade do agricultor em executá-las e do possível benefício que estas ações possam trazer.


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